Jon Scieszka
Em
todo o mundo, as pessoas conhecem a história dos Três Porquinhos. Ou pelo
menos, acham que conhecem. Mas, eu vou contar um segredo. Ninguém conhece a
história verdadeira, porque ninguém jamais escutou o meu lado da história.
Eu sou o lobo Alexandre T. Lobo. Pode me chamar de Alex.
Eu não sei como começou este papo de Lobo Mau, mas está completamente errado.
Talvez seja por causa de nossa alimentação. Olha, não é culpa minha se lobos
comem bichinhos engraçadinhos como coelhos e porquinhos. É apenas nosso jeito
de ser. Se os cheeseburgers fossem uma gracinha, todos iam achar que você é
Mau.
Mas
como eu estava dizendo, todo esse papo de Lobo Mau está errado. A verdadeira
história é sobre um espirro e uma xícara de açúcar.
No
tempo do Era Uma Vez, eu estava fazendo um bolo de aniversário para minha
querida vovozinha. Eu estava com um resfriado terrível, espirrando muito.
Fiquei sem açúcar. Então resolvi pedir uma xícara de açúcar emprestada para o
meu vizinho. Agora, esse vizinho era um porco. E não era muito inteligente
também. Ele tinha construído a casa de palha. Dá para acreditar? Quero dizer,
quem tem a cabeça no lugar não constrói uma casa de palha.É claro que sim, que
bati, a porta caiu. Eu não sou de ir entrando assim na casa dos outros. Então
chamei: “Porquinho, você está aí?” Ninguém respondeu.
Eu
já estava a ponto de voltar para casa sem o açúcar para o bolo de aniversário
da minha querida e amada vovozinha. Foi quando meu nariz começou a coçar. Senti
o espirro vindo. Então inflei. E bufei. E soltei um grande espirro.
Sabe
o que aconteceu? Aquela maldita casa de palha desmoronou inteirinha. E bem no
meio do monte de palha estava o Primeiro Porquinho – mortinho da silva. Ele
estava em casa o tempo todo. Seria um desperdício deixar um presunto em
excelente estado no meio daquela palha toda. Então eu o comi. Imagine o
porquinho como se ele fosse um grande cheeseburger dando sopa.
Eu
estava me sentindo um pouco melhor. Mas ainda não tinha minha xícara de açúcar.
Então fui até a casa do próximo vizinho. Esse era um pouco mais esperto, mas
não muito. Tinha construído a casa com lenha. Toquei a campainha da casa com
lenha. Ninguém respondeu. Chamei: “Senhor Porco, senhor Porco, está em casa?”
Ele
gritou de volta: “Vá embora Lobo. Você não pode entrar. Estou fazendo a barba
de minhas bochechas rechonchudas”. Ele tinha acabado de pegar na maçaneta
quando senti outro espirro vindo. Inflei. E bufei. E tentei cobrir minha boca,
mas soltei um grande espirro. Você não vai acreditar, mas a casa desse sujeito
desmoronou igualzinho a do irmão dele.
Quando
a poeira baixou, lá estava o Segundo Porquinho – mortinho da silva. Palavra de
hora. Na certa você sabe que comida estraga se ficar abandonada ao relento.
Então fiz a única coisa que tinha de ser feita. Jantei de novo. Era o mesmo que
repetir um prato. Eu estava ficando tremendamente empanturrado. Mas estava um
pouco melhor do resfriado.
E
eu ainda não conseguira aquela xícara de açúcar para o bolo de aniversário da
minha querida e amada vovozinha. Então fui até a casa do próximo vizinho. Esse
sujeito era irmão do Primeiro e do Segundo Porquinho. Devia ser o crânio da
família. A casa dele era de tijolos. Bati na casa de tijolos. Ninguém
respondeu. Eu chamei: “Senhor Porco, o senhor está?” E sabe o que aquele
leitãozinho atrevido me respondeu? “Caia
fora daqui, Lobo. Não me amole mais.”
E
não me venham acusar de grosseria! Ele tinha provavelmente um saco cheio de
açúcar. E não ia me dar nem uma xicrinha para o bolo de aniversário da minha
vovozinha. Que porco! Eu já estava quase indo embora para fazer um lindo cartão
em vez de um bolo, quando senti um espirro vindo. Eu inflei. E bufei. E
espirrei de novo.
Então
o Terceiro Porco gritou: “E a sua velha vovozinha pode ir às favas.” Sabe sou
um cara geralmente bem calmo. Mas quando alguém fala desse jeito da minha
vovozinha, eu perco a cabeça. Quando a polícia chegou, é evidente que eu estava
tentando arrebentar a porta daquele Porco. E todo o tempo eu estava inflando,
bufando e espirando e fazendo uma barulheira.
O
resto, como dizem, é história.
Tive
um azar: os repórteres descobriram que eu tinha jantado os outros dois porcos.
E acharam que a história de um sujeito doente pedindo açúcar emprestado não era
muito emocionante. Então enfeitaram e exageraram a história como todo aquele
negócio de “bufar, assoprar e derrubar sua casa”.
E
fizeram de mim um Lobo Mau. É isso aí. Esta é a verdadeira história. Fui vítima
de armação. Mas talvez você possa me emprestar uma xícara de açúcar”.
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